Trabalho com tecnologia, marketing, métricas e vendas.
O tempo inteiro sou guiado por números, relatórios, funis, dashboards.
Tudo precisa estar no lugar, performar, crescer.
Sempre mais um pouco.
Mais leads, mais vendas, mais otimizações.
É um mundo de infinitos… inalcançáveis.
Mas aí tem o Zequinha.
Dez meses de pura novidade nos olhos.
Um dia, minha esposa teve uma ideia brilhante:
Comprar vários patinhos de borracha — exatamente iguais ao que ele mais ama na hora do banho.
Colocamos outras opções na brincadeira: jacaré, polvo, golfinho, tartaruga…
Mas o patinho, ah… esse é o eleito do coração.
Uma bobagem, talvez.
Mas eu só queria ver o sorriso.
E essa semana, chegou a encomenda.
Todos idênticos.
Quando abri e mostrei pra ele, aconteceu algo especial.
Zequinha ficou imóvel.
Olhos arregalados. Boca aberta.
Ele nunca tinha visto tanto da mesma coisa no mesmo lugar.
Era como se tivesse descoberto o infinito.
E, de certo modo, tinha mesmo.
Hoje ele organiza os patinhos num canto do sofá.
Aquele é o santuário dele.
Sai pela casa correndo com o andador, um em cada mão.
E quando um cai, ele não chora.
Ele sabe — lá no canto do sofá… tem mais.
Mesmo sem perceber que, cada vez que um escapa,
sou eu quem se agacha, recolhe e devolve ao lugar sagrado.
Silenciosamente, restauro o infinito dele.
Enquanto eu luto com métricas inalcançáveis, ele vive a paz de saber que sempre haverá mais um patinho esperando por ele.
Talvez o segredo esteja nisso.
Talvez o verdadeiro infinito seja esse:
Um canto da sala, cheio de coisas simples,
e alguém por perto, cuidando para que tudo continue ali,
do jeitinho que faz sentido.